Desejo para 2025 desengajar e desertar, ser desistência, inativo e off, estar mais fora que dentro, mais out que in, mais exo que endo.
Desenturmar-se da turma e desgostar-se do gosto, refluir no contrafluxo da rede e encapsular para não ceder ao colapso, ao menos não agora, não amanhã, não tão rápido.
Penso com carinho na ideia de ter mais tempo para pensar na atrofia fabular e no déficit de imaginação.
No vazio de futuro que a palavra “futuro” transmite sempre que justaposta a outra, a pretexto de ensejar alguma esperança no horizonte imediato.
Tempo inclusive para não ter tempo, para não possuir nem reter, não domesticar nem apropriar, para devolver e para cansar, sobretudo para cansar.
Tempo para o esgotamento que é esgotar-se sem que todas as alternativas estejam postas nem os caminhos apresentados por inteiro.
Tempo para recusar toda vez que ouvir “empreender” como sinônimo de estilo de vida, e estilo de vida como sinônimo de qualquer coisa que se pareça com o modo particular como cada um se conduz no dia a dia.
Como se houvesse um modo particular (uma ideia de pessoalidade?), um gosto singular, um certo jeito de pôr as coisas em seu canto, uma maneira de encarar a vida, um “mindset” e coisa e tal, e tudo isso fosse passível de uma reconfiguração mental, digamos assim.
Ao simples toque da desejabilidade, ao comando intimorato da vontade, que se impõe a tudo por capricho, dobrando toda dificuldade a golpes de comunicação não violenta e essas besteiras todas que ensinam aos empreendedores de si.
Como se vê, não é muita coisa o que considero como projeto de vida para 2025, apenas meia dúzia de pequenos acontecimentos, de tropeços e desvios, de exercícios musculares e de corridas, de mais horas dormidas e mais dias de trabalho contínuo, de esforço e de fé.
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