O que é um leitor, afinal?
Em termos de pesquisa, de Retratos de Leitura, desse gesto classificatório que abarca o país para definir a categoria em torno da qual não há consenso à vista seja na literatura, seja na sociologia ou noutras ciências vizinhas.
Leitor é quem lê, mas quem lê é sempre leitor? Digo, o ato da leitura pressupõe algo mais que a leitura episódica de um trecho avulso de livro no curso de um ano?
É leitor quem lê dez páginas de um romance de 150? Ou quem se aventura num quadrinho? Ou quem sempre desiste na metade da obra?
Ler é obrigatoriamente ler literatura? Ler o jornal é uma modalidade de leitura válida para efeito de inclusão no rol de leitores dignos desse nome?
Ler placas nas ruas, anúncios, ler as pichações, as inscrições, os verbetes que pululam nas propagandas, os spans que se intrometem entre um vídeo e outro?
Ler as legendas de um vídeo também é já leitura?
E quanto às mensagens que pipocam no WhatsApp?
Não seriam muito frouxos todos esses critérios que se prestam a recensear os parâmetros do mundo da leitura e do livro no Brasil?
Penso que sim, penso que não.
Comentários