Não sou um grande leitor de newsletters, mas tenho assinado cada vez mais esse tipo de conteúdo. Curiosidade.
Gosto da ideia de recebê-lo na caixa de correio (eletrônica), à moda de uma carta. Tem um remetente, um destinatário (presumido), um assunto qualquer sobre o qual se deambula por um tempo que varia de autor para autor.
É o mais próximo dessa experiência de intimidade na comunicação, a mensagem finalmente sendo despachada e recebida num horário qualquer, o gesto já antigo de uma troca que a internet havia praticamente sepultado.Mas, assim como os mortos-vivos, que são metonímia dos tempos, as redes talvez tenham essa capacidade de fazer reviver, mesmo que a contragosto, o que se dava por finado.
Newsletter é o contrário do algoritmo, de conteúdo fabricado e rotinizado, resultado do cálculo que uma inteligência realiza para oferecer algo que ela supõe que nós gostaríamos de ler/ver/ouvir.
É uma coisa que escolhemos receber, uma interlocução que deliberadamente quisemos abrir com outra pessoa a quem damos atenção, seja por interesse, seja por outro motivo, mas que não é, ao menos não em primeira instância, fruto do apego mecânico ao mesmo, ao repetido.
É uma abertura. E acredito que uma parte da audiência esteja agora à procura desse tipo de leitura, que restaura, digamos assim, uma espécie particular de relação que se tem com a literatura ao entrar numa livraria ou numa biblioteca e que inexiste nas plataformas de compra, nos grandes mercados onde tudo se oferece segundo uma métrica de gosto e prazer antevistos.
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