Chegamos ao ponto em que qualquer pequeno sintoma pode ser qualquer coisa, da Covid à gripe, passando por tristeza ou apenas uma reação alérgica normal à realidade do Brasil de 2022, que é uma continuação do Brasil de 2020.
De modo que determinar se estamos doentes ou somente vivendo sob Bolsonaro se tornou tarefa mais difícil, quase impossível. Afinal, quem consegue distinguir entre saudáveis e acometidos de alguma enfermidade, uma vez que os saudáveis parecem doentes e os doentes se julgam saudáveis?
Cada vez mais esses dois estados se intercambiam, se equivalem, tornando-se uma coisa só, num processo de adoecimento coletivo do qual tomam parte mesmo aqueles que se recusam.
Quando a isso se juntam uma pandemia e uma gripe sazonal turbinada por outras causas, entre elas o fato de que estamos numa deriva governamental, o cenário é terrivelmente preocupante.
É então que bate a dúvida: se, numa manhã qualquer, o corpo responde automaticamente e a energia se encontra no volume morto, se não há ânimo para mais nada além da execução das tarefas mais comezinhas, é cansaço ou Covid?
Como a maré é de azar, convém não descartar a possibilidade – altíssima – de que sejam ambos.
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