De tempos em tempos, um item, seja de vestuário, seja de acessório, passa a comportar em si uma ideia de status social, de estilo de vida, de privilégio, indicando origem ou servindo como senha de acesso aos aspirantes a certo mundo de bem-nascidos. Me parece que é o caso do copo Stanley.
Fui apresentado ao artefato numa conversa com um colega jornalista, que me disse que a moda agora era portar o próprio copo aonde quer que se fosse, academia ou festa, ida à praia ou ao shopping, supermercado ou areia do beach tênis.
Qualquer que seja o ambiente, ele me contou com ar de estupefação, o copo é não apenas bem-vindo, mas obrigatório entre certos grupos mais preocupados em exibir os códigos da classe.
Supus que fosse exagero, mas passei a observar mais atentamente por onde andava. Não deu outra: lá estava o dito-cujo a tiracolo, qual um adereço, uma corrente, uma sandália metida a besta ou uma pochete. Robusto, lembra ao longe uma espécie de SUV do mundo dos copos, um 4x4 cuja engenharia parece esconder mais do que a mera funcionalidade de manutenção térmica.
Curiosamente, não surpreendi ninguém fazendo uso propriamente do copo, ou seja, bebendo sabe-se lá o que carreguem ali, se cachaça, água ou chá verde.
Até onde sei, ontologicamente um copo se define por sua usabilidade. É bom por tais e tais caraterísticas, como o fácil manuseio, formato, cor, se é durável, se mantém o conteúdo em temperatura agradável e por aí vai.
O que faz de um copo mais do que um copo, mas um símbolo, não apenas reconhecido de imediato por outros, mas cobiçado enquanto tal, a ponto de isso se refletir no seu preço relativamente alto para um objeto dessa natureza tão comezinha?
Mais especificamente, o que um copo Stanley faz que um copo de geleia de mocotó não faz?
Ainda não sei, mas estou à procura de resposta.
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