A pergunta embute uma outra, que se volta ao “eu” não digital e não social, esse que paga as contas, indicando que há uma vida fora e outra dentro.
Uma regida pelas redes e seus códigos na qual a forma frequentemente está dissociada do conteúdo, e daí a interrogação em torno do que seria de fato o que cada usuário esconde, não havendo dúvida de que esconde ou mantém à sombra uma face, seja sentimento, seja uma condição.
E uma outra vida do dia a dia, cotidiana, esse meio em que as validações das redes têm menos ou nenhum peso e as dificuldades materiais e de outros tipos se impõem.
Vida nua, sem disfarce, longe da jogabilidade, de difícil contenção e refratária a filtros, sem tanto espaço para correção de cor e formato, salvo aqueles obtidos a custo e depois de certo tempo.
É possível e até provável que as duas modalidades não coincidam, que uma e outra vida se afastem e se desgostem mutuamente, que não guardem entre si qualquer semelhança, exceto a casualidade de que orbitam o mesmo personagem, você.
A quem se destina a pergunta: tu tá bem? Fora tudo o mais, fora das redes, fora da pose estudadamente bem-sucedida e desimportada, fora das métricas calculadas, fora da paisagem chapada.
Fora tudo, tu tá bem?
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