Pode parecer leviano abordar assunto tão comezinho, mas não queria terminar o dia sem tratar de um tema que considero incontornável: a naturalização da cadeira gamer como um item do cenário doméstico em tempos de live.
Artefato antes de nicho e situado num contexto específico no qual é majoritariamente associado à cultura jovem, mas convertido a dado da paisagem de reuniões virtuais pelas necessidades pandêmicas, a cadeira gamer tem uma qualidade que, a meu ver, a impede de passar despercebida quando empregada para fins de auxiliar a comunicação interpessoal.
De espaldar alto, espichada, com detalhes em vermelho ou noutras cores berrantes, o móvel, se podemos chamá-lo assim, galvaniza a atenção de imediato, impossibilitando a conversação em termos fluidos.
Ante um convidado ou palestrante abancado numa cadeira do tipo, parte da concentração se dirige ao que ele ou ela fala, parte vasculha e se perde nos detalhes da cadeira em si, parte tenta responder por que diabos ele ou ela está sentado numa cadeira do tipo e não em algo mais frugal.
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