O inferno deve ser como uma sucessão interminável de momentos nos quais digitamos uma senha e a inteligência artificial do site ao qual tentamos ter acesso a reprova, considerando-a demasiado fraca.
O que nos obriga a voltar e refazer a senha, agora acrescendo algarismos e sinais de exclamação, não a ponto de torná-la uma ameaça para nós mesmos e cair no esquecimento.
Mas, a despeito desse empenho que começa a nos enfezar, a senha continua insuficiente e é rejeitada por essa entidade imaterial, numa situação tipicamente kafkiana na qual temos de provar que somos não apenas nós mesmos, mas que somos humanos e não robôs.
De maneira que reatamos o fio da meada e, feito Ariadne, tornamos ao começo, agora tentando identificar padrões que tenham passado em branco, como aniversários ou números em sequência, falhas e repetições. Eliminamos então infantilidades como 010203 ou 0504030201, senhas universais cuja previsibilidade são a prova de que a média de inteligência está realmente muito abaixo do aceitável.
Corrigida essa lacuna, apertamos “enter” esperançosos de que agora, sim, elaboramos uma senha robusta e indevassável, uma que certamente nos protegerá de quaisquer ataques de piratas desferidos de dia ou de noite, de um IP em Portugal ou na Rússia de Putin.
Nada.
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