Dos sons da casa o que mais
gosto é o da máquina de lavar.
Seus movimentos programados, as
luzes acesas de cada etapa de limpeza e finalmente esse marulho.
A máquina é o objeto doméstico
mais parecido com a concha do mar. Basta encostar o ouvido. Aliás, não é
preciso.
Agora mesmo estou no quarto a
quatro paredes de distância e escuto a máquina produzir essa marcha lenta de
uma tarde de sábado.
Talvez pela alternância de
vozes, ora o abafado da roupa enxaguando debaixo d’água, ora o som centrifugado,
a máquina de lavar traz uma sensação de alívio.
Quem sabe segurança, não posso garantir.
Quem sabe segurança, não posso garantir.
Sei que é bom ouvi-la, é como
uma radiola na casa. Ou uma sessão de psiquiatria, vejam as roupas que entram
sujas e saem limpas do aparato mecânico que é como uma caixa dentro da qual empurramos
as camisas e roupas de baixo e também toalhas de mesa e calças muito marcadas
do uso frequente e das coisas que fazemos durante a semana.
Uma operária diligente, a
máquina.
Gosto de imaginá-la como um
intestino, um órgão da casa cheio de vitalidade que se acomoda a um canto e
nunca reclama. A máquina de lavar está sempre contente com seu papel de
máquina.
Acionada, não falha.
Tem uma qualidade que admiro que é a capacidade de liquefazer qualquer pequena nódoa.
Tem uma qualidade que admiro que é a capacidade de liquefazer qualquer pequena nódoa.
Às vezes na sexta de noite ao
chegar em casa não ligo a TV ou o computador, como costumava fazer.
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