Eu me encolho de frio, a
cerveja muito gelada, a banda como um desses grupos animando festa escolar, por
todo lado gladiadores de telenovela ruim e odaliscas de desfile militar, aqui e
ali uma “laranja” a pedir os votos de felicidade a alguém que não conhece,
também um guarda de trânsito, os fetiches de sempre, portanto uma mulher com
chicote, um homem com espada, uma nuvem de arco-íris, logo uma roda que se
alarga e depois recolhe, as fantasias encharcadas, então dois índios passam e
acenam pedindo duas caipirinhas e o músico anuncia que é a última da noite
antes de se despedir apresentando a banda, e cada integrante se empenha nesse gesto
final, solando na bateria ou no baixo ou na guitarra e fazendo sinais positivos
de cabeça aos gritinhos da plateia que implora finalmente por mais uma depois
que já não há tempo para nada, afinal estamos nesse teatro e chove muito desde as sete
horas da noite, quando ainda mourejava no trabalho escrevendo sobre política sem
qualquer gosto por tudo aquilo.
A festa termina, andamos até o
carro e no carro tiro a roupa molhada e enxugo o vidro com a camisa, procuro
cigarro mas já acabou, quero me agachar para apanhar a caixa JBL e colocar uma
música. Desisto.
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