Hoje procurei descanso depois
de 15 dias intensos trabalhando exclusivamente numa mesma palavra, redigindo
frases que se pareciam – fulano disse, sicrano retrucou e por aí vai - e variando o vocabulário apenas o necessário, de modo
que me sentia exaurido a ponto de começar e desistir e precisar recomeçar, tudo
isso num único parágrafo.
Pensei: é o caso de estar à toa
uns bons minutos considerando unicamente esse nada essencial ao qual voltamos
vez ou outra quando precisamos encarar certas verdades.
Então foi melhor suspender as
tarefas da noite desta quarta-feira – muitas, infinitas -, todas fundamentalmente
jornalísticas e portanto cheias de uma certeza que às vezes falha, mas que
sempre precisamos escamotear.
Foi melhor parar um pouco e estar
assim no meio da estrada como se à mercê de qualquer coisa.
Um vento mais forte,
uma cabra vadia, um jagunço sedento ou uma visagem que de repente convide a
entrar no mato e seguir moitas afora em procura sabe-se deus do quê, uma poça d’água,
um tronco torto de árvore, uma cama feita de folhas mortas.
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