Agora que deixei de lado o
Facebook, tentei usar o tempo que sobra pra fazer coisas boas, tipo ler mais ou
ver mais filmes. Dois dias depois, só tinha conseguido rir desse vídeo da Jout
Jout e começar uma nova série que me deixa triste pra caralho porque o
protagonista está tão na merda quanto eu.
A mudança de algoritmo do FB
foi determinante pra tudo isso. Menos Síria e notícias sobre Trump, mais amigos
em aniversários ou bolando com seus filhos e PETs na sala de estar.
Sobre isso, um parêntese: não
sei se é impressão minha, mas filhos e PETs são cada vez menos diferentes. Uma petização
da criançada e sua contraparte, a infantilização dos bichos. Meninos criados
como gatos de estimação, cachorros como crianças mimadas.
Resolvo sair do FB pra dar uma
volta, mas olho em volta e não acho nada.
Caio no vídeo da Jout Jout. É como
tropeçar na rua e entrar de cabeça num bueiro de algodão doce. Sério nos
primeiros segundos. Simpatizo com a fatia de pizza rolando. Depois gargalho
quando o livro sugere que, completos, deixamos de conhecer borboletas pelo
caminho. Em seguida, tento entender o que há por trás de tudo aquilo, se uma
conspiração da Coreia do Norte – afinal, os dois ditadores usavam passaportes
brasileiros – ou apenas mais um aplicativo tentando roubar nossos dados.
Não espero terminar. Entro no
FB mais uma vez e, por coincidência, acompanho de passagem uma postagem que é uma reprimenda
a quem anda tirando sarro do vídeo da youtuber. Fecho. Agradeço pela lição de
moral.
Lembro que preciso escrever. Escrevendo,
lembro que preciso ler. Indeciso entre uma coisa e outra, saio pra andar de
bicicleta.
Já são quase quatro meses sem
pedalar. No caminho, descubro que a bike está tão enferrujada quanto eu. Nossos
rangidos formam uma sinfonia de sedentarismo que chama a atenção das pessoas na
calçada. Paro numa oficina e peço que lubrifiquem tudo. A vergonha é o motor do
mundo. Grandes descobertas se alimentam disso. Vergonha. Sem a vergonha não
seríamos capazes de chupar um Chicabon.
Checo as horas: 15h. Muito
tarde pra continuar, muito cedo pra voltar. Continuo.
Na praia encontro a estátua e
atrás da estátua um casal que se fotografa em poses engraçadas.
Vou até o letreiro. Mato a
saudade de Fortaleza fumando ao lado e olhando as ondas quebrarem no final da
tarde. É bonito. Mas preciso voltar.
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