Começar um projeto é vida e
tempo. Demorar-se no projeto, deixar que ganhe corpo e ideias próprias. Sair
pra trabalhar e voltar e encontrar o projeto na sala da casa crescendo, abrindo a porta da geladeira, pescando lá de dentro o pote de sorvete de morango.
O projeto inteiro é
mais que ideia, é uma realidade. É quando pensamos que tudo gira em torno disso.
De repente, no supermercado, apanhamos uma cerveja e nos
damos conta de que a vida agora é toda esse projeto. No trabalho enquanto escrevemos
ou na rua atravessando a faixa. O projeto em tudo inscrito, o projeto em tudo
vivido.
O projeto é dar-se conta de que o amor é sempre um trabalho em curso, uma paixão em andamento.
O projeto é dar-se conta de que o amor é sempre um trabalho em curso, uma paixão em andamento.
Projeto é palavra técnica, reconheço. Até árida. Há quem a condene. Pouco amorosa, cheia de quinas e uma inicial hostil,
afasta o verso, ninguém que a afague, ninguém que a pegue na mão e diga: fica,
acho bonita sua cor, gosto do seu cheiro. E mesmo sua marca assim tão enviesada é um charme.
E nem digo que projeto é, em significado, nesse estado de dicionário, tão perto de
sonhar, uma palavra por sua vez já tão desgastada, seja porque sonhamos em demasia, seja porque sonhamos pouco, seja porque sonhamos os sonhos errados.
Então escolhemos projeto, que
é uma palavra nova em nosso vocabulário, uma palavra ainda sem carga com uma fundura que vai
ganhando contornos e cores e criando essas horas de futuro pelas quais ansiamos desde ontem, desde antes de ontem.
Todo projeto é uma promessa de que algo se realiza numa distância, num tempo, numa certa ideia de amor que nos consome e empurra para bem longe.
Todo projeto é uma promessa de que algo se realiza numa distância, num tempo, numa certa ideia de amor que nos consome e empurra para bem longe.
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