A impressão de que tudo se liga por um fio,
de que por pouco não perdemos, que temos de correr e segurar e reter antes que
se desfaça, que tudo escorre e escapa, que andamos e os esforços redobrados
ainda são insuficientes pra alcançar.
Que estamos sempre dois passos atrás, dez
casas atrasados, uma nota abaixo ou acima, umas léguas de distância, um mar inteiro
de través impedindo a nossa passagem até o outro lado, que jamais chega.
Tudo uma liquidez, tudo fugidio, tudo um
lampejo, uma coisa que passa sem rastro, um som emitido ao longe, uma fumaça entrevista
na floresta cuja origem procuramos e nunca encontramos.
Tudo demandando zelo e energia, tudo tão meticulosamente construído, fortificação à mercê de intempérie tão banal, uma ninharia que não faria tremer um cajueiro-anão. Mas que, ali, naquele momento, por contingências que não dominamos, sobreleva-se feito tsunami.
Tudo demandando zelo e energia, tudo tão meticulosamente construído, fortificação à mercê de intempérie tão banal, uma ninharia que não faria tremer um cajueiro-anão. Mas que, ali, naquele momento, por contingências que não dominamos, sobreleva-se feito tsunami.
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