Eu li que se quiser, pode, um
jeito carinhoso que inventamos pra falar de uma maneira indireta sobre as
coisas que estão fora do nosso alcance, veja se consegue pensar nisso. Formar
frases já é algo a que se deva ter o máximo de atenção, imagine tentar provar o
que quer que seja, então se quiser, pode.
Pode o quê? O desejo sujeito
ao querer, disso até gostaria de gostar, ter uma ninharia de simpatia, mas
escrevo num domingo agradável, o sol começando a cair, daqui a pouco saio de
bicicleta e então encontro o mar e nele o cara que passa com uma caixa de som
tocando sucessos do tempo da minha mãe.
Se quiser pode, pode se
quiser, difícil é querer, mais ainda poder.
Fiquei desconfiado, sempre
desconfiado. Li um tanto de poesia e passeei pelas redes, nunca o sentimento
prazeroso de estar, apenas esses sustos que as fotos e as mensagens causam na
gente quando a gente se depara com o outro preparando-se para assumir aquela postura conhecida, é mais
ou menos como testemunhar os bastidores de uma selfie.
Todo mundo sério e, de
repente, risos se inflam como um paraquedas aberto no quintal.
Se quiser, pode. Eu acho que não pode.
Se quiser, pode. Eu acho que não pode.
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