Uma cicatriz, uma
mancha escura, um borrão no rosto, estrias nas coxas, outra cicatriz no braço e
a linha dos olhos um pouco torta, todo o lado esquerdo pendendo para baixo,
como a anunciar que certo conjunto harmonioso havia estado ali há muito tempo mas
já tinha ido embora.
Daí que a sola do sapato se
gastasse mais do lado direito que do esquerdo, daí que as camisas apertassem
mais no braço direito que no esquerdo, daí que os lábios repuxassem mais no
direito que no esquerdo e os olhos diferissem no modo como fixam um objeto a
sua frente.
Tudo um desalinho,
desarranjo, mas talvez fosse assim, assim talvez tivesse aprendido a enxergar o
torto e o enviesado, o certo e o errado equivalendo-se porque em algum momento
eles entrariam em conjunção.
E a disjunção fosse a etapa momentânea, o
torto por reto e vice-versa.
Agora tinha aula e na aula
desceria ao inferno acompanhando o personagem que nos círculos
depara com Beatriz.
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