O tempo
fatiado em fatias fininhas. Que fazer?
Depois foi
esse sonho estranho do qual tentei acordar inúmeras vezes, sem sucesso. Mas estranheza
não é propriamente uma novidade.
Uma lista de
objetos ao alcance da mão. Uma coleção de tarefas para a qual não basta apenas
vontade, mas um esforço genuíno que chegue ao outro lado.
Não carece
ter medo a esta hora. Nem sono. Nem fome. Mas tenho medo, sono e fome.
Uma ideia de felicidade. Uma esquina. Final de
tarde. O trânsito louco passando na avenida, aquele mar de buzina e calor que
vem de baixo pra cima. A gente para. Senta. E divide um pastel.
Tanto tempo.
Agora, é como se dormisse. Eu volto e procuro a trilha derradeira. Depois dela,
não sei como ficou. Se é que ficou.
Houve outro
sonho, este mais estranho ainda. Não lembro nada.
Tenho esquecido
cada vez com mais frequência. Fico na dúvida se salto linhas ou se mantenho o
fôlego. Sempre tentei ser um escafandrista. Mergulhava na bacia e cronometrava
tudo. Fôlego curto.
Treinei um
mês na pia do banheiro. Melhorei o tempo. Aguentava bastante debaixo d’água.
Estranhezas.
O nome das
coisas não é a coisa em si. A coisa em si é a coisa sem o nome. Não nomeada, a
coisa atende a qualquer chamado.
Digo coisa
por falta de nome. Poderia ser qualquer um.
É estranho chamar
pelo nome o que não tem nome. Ou aquilo para o qual o nome é pouco mais do que
uma mancha, uma fumaça.
Escrever
apenas pela compulsão de escrever. Pela graça de estar ali, no meio das
palavras, decifrando a montanha logo adiante, vendo sem ser visto.