Houve esse momento em que parou
no meio da festa. Acontecia com alguma frequência. Ficava ali, por alguns
instantes, sintonizado noutro mundo. Como o apito que os cães escutam,
achava que tinha ouvido algo fora, do outro lado da rua, onde um grupo passava
um baseado e uma mulher estava sem troco para despachar um carinha meio bêbado
que não parava de falar.
Parou e pensou que talvez
fosse o caso de ir embora. Talvez fosse o caso de não ter ido. Talvez fosse o
caso de, tendo ido, não ter entrado. Não ter descido do táxi. Não ter bebido. Não
ter sequer engomado uma camisa e tomado um banho e escovado os dentes. Talvez fosse
melhor ter evitado estar longe.