Ué, mas Eduardo Cunha já não era adversário de Dilma?
Em parte. Formalmente, era aliado. Ao menos é isso que a
presença do PMDB no governo permite concluir. São muitos ministérios ocupados
por gente do partido, e o próprio Cunha tem lá seus indicados na máquina.
Pessoalmente, no entanto, o deputado nunca foi aliado, mas um
feroz inimigo, comandando derrotas sucessivas ao governo. Foram seis meses
infernizando a vida do Planalto.
Mas há diferença entre a posição dúbia, ora governista, ora adversária,
e a autodeclarada oposição. Paradoxalmente, apesar das dificuldades que virão, como
as duas CPIs prometidas, talvez seja mais fácil lidar com o presidente da
Câmara francamente opositor. Cunha está acuado, sozinho e, até onde é possível entender da
nota oficial do partido, sem o apoio imediato do PMDB. Em seis meses à frente da Câmara, nunca pareceu tão fragilizado.
O congresso do PMDB é apenas em setembro. Dentro de dois meses,
portanto. Até lá, avança a investigação levada adiante pela Procuradoria Geral
da República. Na Câmara, já há quem defenda a saída do deputado da presidência
da Casa. De Curitiba, novos trechos da delação podem vazar.
O cerco se fechou. Com o Congresso em recesso, Cunha só pode
assistir. Durante todo o primeiro semestre, o parlamentar habituou-se a
imprimir seguidas derrotas ao governo, que aparentava não saber como reagir. Aos
45 minutos do primeiro tempo, eis que o Planalto, cujo dedo pode ser visto na
operação que visitou senadores nesta semana, conseguiu empatar a partida.
Mês cheio de simbologia na política, agosto está chegando
para testemunhar o desenlace do jogo.
PS.: em algum lugar da República, Cid Gomes lê o noticiário e dá risada.
PS.: em algum lugar da República, Cid Gomes lê o noticiário e dá risada.