Lembro de ter sentido que tudo era a mesma história repetida várias vezes. Como no desenho animado em que quatro adolescentes se perdem num mundo alternativo do qual não conseguem mais voltar. Ou não querem mais, dá no mesmo. Não querer é não poder e vice-versa.
Prestes a entrar no portal, algo dá
errado sempre, e a empreitada de retorno é adiada mais uma vez. Acho que eles
inventam uma razão para não querer. Sabotam a volta pra casa. Porque voltar pra
casa não teria mais graça se voltassem. Melhor sonhar com a volta pra casa do que
voltar propriamente e encontrar a mesma casa que deixaram pra trás quando
escorregaram da montanha-russa direto para outro lugar.
E ainda ficam culpando o velhote, que
teria um acordo com o diabo monochifre etc. Acho difícil, mas não colocaria minha
mão no fogo por ele.
O velhote tem um quê de Noesferatu versão pocket. Desaparece
atrás de pedras e se comunica por enigmas quando a situação exige clareza e
sensatez. Quase sempre se pode adivinhá-lo divertindo-se à custa do desespero
dos meninos aprendizes.
O mago inventou o jogo, e jogar
pressupõe risco, que requer perdedores e vencedores. Parece um vovozinho
bonachão contando piadas antigas no tapete de sala, mas é pior que o dragão
de sete cabeças.