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Esperar

E antes da sexta-feira propriamente dita, essa que começa em algum momento entre o fim do expediente e a nona cerveja, essa que vai passando devagarzinho enquanto a gente despeja água num copo de vidro antes de dormir e depois dorme, às vezes sonhando, às vezes não sonhando. Antes, um aviso.

Mas um aviso tranquilão, desses que ninguém segue à risca, seja porque não ouviu direito, seja porque foi realmente dito bem baixinho de modo que ninguém a mais de um metro de distância tivesse condições mínimas de entender.

Porque às vezes a gente não quer a compreensão de ninguém. Quer tudo, menos compreensão.

Então estejam avisados, que é a melhor maneira de avisar tudo sem avisar nada. Estejam avisados. Não esperem nada.

Exceto, é claro, tudo que já se sabia de antemão que uma hora ou outra iria acontecer.

Toda sexta de noite tem chovido. Na praia de Iracema, enquanto a gente atravessa a avenida ou estaciona o carro e caminha depois uns bons três quarteirões até o bar mais próximo, chove fraco, fino.

Uma chuva inesperada. Por todo canto, ninguém entende nada. 

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