Cada vez que diz, a gente morre. Quando
não diz também. Cada vez que falseia, mas quando autentica também. Sempre que
revela, mas omitir também é morrer. Morre dormindo e acordado, amando e amado. Odeia,
morre. Ama, idem. Morre se foi feliz, se foi infeliz também. Morre se evitou
que outros morressem, morre se ajudou a matar.
Morrer é irrevogável, sabê-lo é
indiferente. Morre por ignorância, morre por conhecimento. Morre quando se
evita e quando se procura. Ora, a gente morre, e ponto final.
Morre na hora certa. Morre no cinema,
na sauna, no colo da mãe, na parada do ônibus. Morre fora de hora. No sexo, na
cama, subindo uma escada.