E se as previsões catastróficas se confirmarem e o FB não voltar, como ficam as pessoas? O que teriam a dizer quando não houvesse mais onde nem como comunicar os segredos, nem curtir as postagens, nem os vídeos de bebês, nem as peripécias dos cachorros nem os acidentes ou os braços arrancados por tigres esfomeados?
Como ficam as inimizades, o amor, o carinho, o tesão e
o gozo? E as demonstrações de nobreza de caráter, todo esse subgênero de
comportamentos segundo os quais não basta apenas ser bom, é preciso
propagandear?
E o flerte virtual? O que fazer com toda essa reserva
de afeto acumulada num canto luminoso da alma? Sem contato com a vitamina D do
FB, logo apodrecerá, involuindo até o estágio larval.
Não voltando, o FB apagará todas as mensagens trocadas,
como se, mesmo ausente, habitasse um universo paralelo e nesse universo
paralelo tudo que costumava acontecer no FB permanecesse acontecendo, inclusive
quando nada acontece? Ninguém sabe.
Não voltando, as conversas interrompidas pela metade ou
no início ou mesmo no fim terão um desfecho ou um novo começo?
Liguei pro SAC agora. Perguntei se esse caos tem
qualquer relação, mesmo remota, com o buraco na Sibéria. Ouvi silêncio do outro
lado da linha.
Desliguei depois de cinco minutos.
Estou assustado. O FB ainda não voltou. Na rua, os
carros continuam passando, como se nada tivesse acontecido.
Acontece que não aconteceu, mas isso agora não vem ao
caso.
É uma pena, ou não é, depende do ponto de vista, mas eu
vou sentir falta do FB. Ainda que ele volte dentro de duas horas ou menos,
continuarei sentindo falta do FB. Como se um dia eu tivesse podido voar e no
outro, zás, cortaram-me as asas.