Você tem razão, o email é a nova carta e
a antiga carta se perdeu no tempo, e o próprio tempo num tempo antigo que não
volta mais.
Vejam as formas de comunicar, como se transformaram,
telefone, email, carta, celular, um dia a gente ainda escrevia email, agora tem
o bate-papo instantâneo pra facilitar tudo, as mensagens etc.
Eu não entendo nada disso, sou meio analógico ainda.
O email é quase isso, quase desse mundo, escrever mais
que cinco ou dez linhas hoje é uma perda de tempo, você parar e tal, agora vou
escrever aqui, isso desapareceu.
Pode ser, pode não ser.
Eu tinha um amigo assim, lá e cá. Nunca decidia. Email ou
carta?
Não sei se concordo.
Com o quê?
Essa polarização, essa equiparação, email e carta, email
ou carta, acho que ainda são universos muito separados, escrever, quer dizer,
manuscrever e digitar, a carta ainda leva vantagem se a gente pensar no afeto
depositado ali, e ninguém está realmente preocupado se a carta desapareceu. Só desaparece
o que já não tem serventia.
Silêncio.
Silêncio.
Continua silêncio no quarto, enquanto ninguém sabe mais o que dizer, eles se beijam e é tudo.