As quatro amigas estavam ali, sorriam, as quatro amigas
vestiam preto e tinham, olha a coincidência, um busto dos grandes, acho que
bustos dos grandes é mais certo gramaticalmente, as quatro amigas se conheceram
naquela noite e já se tornaram as melhores amigas, as quatro amigas, duas tinham casado e separado, passavam dos
35 anos, uma tinha 24 e namorava uma garota de 21 até o mês passado mas agora
preferia estar sozinha e curtir a companhia das outras amigas, uma namorava
firme havia cinco anos e até que se provasse o contrário era coisa pra casar, um
bancário ou médico, um desses caras sérios que dão bons maridos, as quatro amigas mais ou menos fiéis umas às
outras, menos uma delas, que tinha cintura fina e pernas bonitas, as três
amigas invejavam as pernas da quarta amiga.
Tenho ouvido cada vez mais “troca” como sinônimo de diálogo, ou seja, o ato de ter com um interlocutor qualquer fluxo de conversa, amistosa ou não, casual ou não, proveitosa ou não. No caso de troca, porém, trata-se sempre de uma coisa positiva, ao menos em princípio. Trocar é desde logo entender-se com alguém, compreender seu ponto de vista, colocar-se em seu lugar, mas não apenas. É também estar a par das razões pelas quais alguém faz o que faz, pensa o que pensa e diz o que diz. Didatizando ainda mais, é começar uma amizade. Na nomenclatura mercantil/militar de hoje, em que concluir uma tarefa é “entrega”, malhar é “treinar”, pensar na vida é “reconfigurar o mindset” e praticar é “aprimorar competências”, naturalmente a conversa passa à condição de troca. Mas o que se troca na troca de fato? Que produto ou substância, que valores e capitais se intercambiam quando duas ou mais pessoas se põem nessa condição de portadores de algo que se transmite? Fiquei pensando nisso mais te...