O que não disse ainda é que, como o
sorriso, o abraço divide-se em muitos tipos, cada um deles correspondente a diferentes
pessoas, cada pessoa mais inclinada a no máximo duas categorias de abraço, uma
formal e outra informal, podendo combiná-las e recombiná-las a seus próprios
gosto, desejo e vontade.
Por ordem de lembrança, há as pessoas que
abraçam inteiras, as que abraçam de banda, as que mantêm uma distância protocolar
do abraçado, as que jamais abraçam, as que complementam o abraço com um beijo, as
que premiam o abraçado com um beijo e uma carícia no rosto, as que deitam a
cabeça no ombro de quem abraçam, as que grudam peitos e barriga num enlace que é
quase o princípio de outro abraço, as que abraçam pela cintura, as que abraçam por
cima dos braços, as que abraçam na diagonal, as que abraçam deitadas, as que
abraçam à força, as que abraçam com força, as que chegam a um passo do abraço, as
que invejam o abraço, as que desistem do abraço, as que abraçam sem braços, as que nunca abraçam depois do sexo, as que abraçam de costas,
as que seguram o outro como se fossem sacudi-lo, as que,
passado o tempo do abraço, continuam abraçadas, as que escolhem a quem abraçar, as que
jamais endereçam o abraço, as que privatizam o abraço, as que leiloam abraço, as
que vendem abraços, as que distribuem abraços, as que não veem a hora de
abraçar, as que temem a obrigação do abraço, as que enxergam no abraço uma
gesto postiço, as que fazem do abraço uma costura entre
botões de casas separadas, as que constroem um abraço dia após dia, as que
rejeitam um abraço todos os dias, as que repreendem o abraço, as que erotizam o
abraço, as que fecham os olhos no abraço, as que colam rostos no
tempo de vigência do abraço, as que se demoram no abraço mais que o permitido, as que juram amor no abraço, as que odeiam o abraço, as que começam tudo no abraço, as que terminam tudo no abraço.
E a lista ainda é pequena para tudo que há nesse intervalo.
E a lista ainda é pequena para tudo que há nesse intervalo.