Ainda sobre o mesmo e único tema, o abraço.
Num segundo impossível, desses que só existem por mero capricho de humor celeste, fui ao início do ano e voltei. Desconsiderando a possibilidade de que qualquer fato de grande repercussão possa acontecer até dezembro, o que não deixa de ser um convite aberto e cheio de esperança a que toda sorte de coisas estranhas ainda ocorram em dois meses, passei a limpo 2013.
Num segundo impossível, desses que só existem por mero capricho de humor celeste, fui ao início do ano e voltei. Desconsiderando a possibilidade de que qualquer fato de grande repercussão possa acontecer até dezembro, o que não deixa de ser um convite aberto e cheio de esperança a que toda sorte de coisas estranhas ainda ocorram em dois meses, passei a limpo 2013.
O que descobri nesse ano em que o tomate vilanizou o índice da inflação, o Brasil goleou a Espanha e as ruas se transformaram no Grande Guichê da Revolução? O óbvio: fui morador de mim
mesmo. Inquilino de um imóvel cuja escritura me pertencia. O extravagante locatário
do próprio corpo.
O que isso quer dizer exatamente, eu não sei. E presumo que ninguém jamais saiba direito onde e quando vai poder descansar a perna.
O que isso quer dizer exatamente, eu não sei. E presumo que ninguém jamais saiba direito onde e quando vai poder descansar a perna.
Arrisco, porém, uma conclusão preliminar: ao tentar recuperar uma trajetória ou um objeto,
restituindo-lhe cor e sombra, devolvendo-lhe um contorno mínimo, reavemos não o que
desejávamos, mas essa matéria enganosa que, invocada, retorna. Nesse movimento suspeito, a trajetória é diferente e o objeto, assustador. Como um presente ingrato. Uma dessas canetas que dão
choque, por exemplo.