Tinha uma porção de coisinhas desimportantes pra falar. Um incômodo em relação a outra porção de coisinhas desimportantes que li e ouvi, principalmente que li, já que tenho escutado tão pouco e cada vez pior. Escuto pior por entender que já não faz tanta diferença, mas também por problemas de saúde.
O que me leva a perguntar: é verdade que chegamos a esse estágio pré-larval em que cada um fala o que pensa e todo mundo
entende o que quer?
No estado geral das coisas (importantes e
desimportantes), insistir no que não tem importância pode ser, mais que um
desvario, um ato de afirmação. E tudo seria perfeito se abraçar esse ato de
afirmação não exigisse tanta energia, se não levasse ao quase esgotamento, se
não terminasse por nos obrigar a gastar mais tempo explicando razões do que
efetivamente gozando o processo.
Caga-regras (nota cômica: o corretor ortográfico
sugeriu, indiretamente, “defeca-regras”) e otimista que sou, queria um
decálogo. Isso mesmo. Um conjunto de leis ou axiomas fáceis de decorar e cuja
aplicabilidade resultasse em melhoria de vida pra todos.
Dez tópicos simples. Cada um de nós faria uma cópia e afixaria na porta da geladeira, no escritório, na cabeceira da cama, na tela do computador, no espelho do banheiro, na barriga do cônjuge, na testa da pessoa amada e por aí vai.
Dez tópicos simples. Cada um de nós faria uma cópia e afixaria na porta da geladeira, no escritório, na cabeceira da cama, na tela do computador, no espelho do banheiro, na barriga do cônjuge, na testa da pessoa amada e por aí vai.
Do exposto acima, arrisco apenas uma interpretação, tão sujeita
a erros quanto qualquer outra. Suspeito que essa pose toda – sim, não adianta espernear, pois realmente se trata de pose – explica-se por uma dificuldade
crônica de lidar com certas particularidades da vida, não digo contemporânea; vida num sentido genérico.
Fiz uma lista de defeitos. Caprichei nos itens. Para cada um deles, logo imaginava um rosto. Uma súmula. Para meu espanto, esse rosto quase sempre era o meu próprio. Foi aí que decidi mudar de assunto.
O que acharam do artigo do Chico sobre as biografias?
PS.: não estranhem o andar de bêbado dessa prosa. Melhor, estranhem, sim. Ou não estranhem, não. Dá no mesmo.