Espanta é descobrir todo dia que escrever é
quase sempre tatear às escuras, procurar um fiapo de sentido para um problema muitas
vezes sem contornos claros, tentar moldar um boneco de neve ou barro debaixo d’água.
A gente nunca sabe direito o que tem no
final. E quando chega, o fim não parece o fim de coisa alguma. O fim é esse lugarzinho
arbitrário fincado num ponto distante ao qual devemos chegar mediante esforço
próprio, torrando as energias acumuladas, alargando habilidades, inventando uma
ética e uma técnica ao longo da jornada. A empreitada é exigente, requer muita
energia, dá vontade de desistir o tempo inteiro, mas sem ela é tudo muito pior,
é tudo muito menor. Trata-se de um mecanismo de descoberta.
Toda jornada tem um único objetivo: forjar
uma ética e uma técnica. Pensem em Homero e em Ulisses, pensem em Tolkien e nos
hobbits, em Stephen King e no grupo de garotos que sai de casa à procura de um
corpo.
Pensem no sem número de personagens que, por alguma razão, se viram obrigados a ir de um ponto a outro, ou no sem número de personagens que, mesmo sem atravessar grandes distâncias físicas, vivenciaram jornadas. O que eles têm em comum?
Pensem no sem número de personagens que, por alguma razão, se viram obrigados a ir de um ponto a outro, ou no sem número de personagens que, mesmo sem atravessar grandes distâncias físicas, vivenciaram jornadas. O que eles têm em comum?