Um velório para o telefone
Um telefone desconectado queda morto na mesa.
O plástico frio.
Um telefone desconectado queda morto na mesa.
O plástico frio.
Os furos no receptor como estrelas colapsadas negras.
O bocal, incapaz de gemer, de recitar novos poemas,
de pedir que alguém traga uma garrafa de vinho.
O casal idoso, que jantava, ficou chocado
quando o telefone se jogou no chão em vez de tocar novamente,
quando o telefone se jogou no chão em vez de tocar novamente,
o fio espiral como o rasto de cabelo molhado numa piscina natural,
a maneira como que se deita amontoado na mesa,
o discador preso entre números.
Jamais ligará para o presidente.
Jamais ajudará o reencontro de antigos colegas.
Não sofrerá o silêncio incômodo de um convite romântico.
Nunca mais alguém ofegante.
Em muitos sentidos o telefone está aliviado.
a maneira como que se deita amontoado na mesa,
o discador preso entre números.
Jamais ligará para o presidente.
Jamais ajudará o reencontro de antigos colegas.
Não sofrerá o silêncio incômodo de um convite romântico.
Nunca mais alguém ofegante.
Em muitos sentidos o telefone está aliviado.