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Matthew Rohrer ii

Um velório para o telefone 

Um telefone desconectado queda morto na mesa.

O plástico frio.
Os furos no receptor como estrelas colapsadas negras.
O bocal, incapaz de gemer, de recitar novos poemas,
de pedir que alguém traga uma garrafa de vinho.

O casal idoso, que jantava, ficou chocado

quando o telefone se jogou no chão em vez de tocar novamente,
o fio espiral como o rasto de cabelo molhado numa piscina natural,

a maneira como que se deita amontoado na mesa,

o discador preso entre números.


Jamais ligará para o presidente.

Jamais ajudará o reencontro de antigos colegas.

Não sofrerá o silêncio incômodo de um convite romântico.

Nunca mais alguém ofegante. 


Em muitos sentidos o telefone está aliviado.

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