Outra experiência entre não exatamente
tantas possíveis, entre as possíveis que elegemos, as que displicentemente elegemos,
aceitas como as únicas ao alcance, outra, portanto, é: andando a esmo no supermercado,
parar de súbito e reparar na música e na textura das bananas orgânicas e nas uvas
vistosas sem sementes enquanto, no último caixa da esquerda, na baia destinada
a idosos e gestantes, uma linda menina avança implacável e doce com café
solúvel, biscoitos e uma caixa de suco de maracujá, ela ri, ela acena, ela abre
a bolsa e dela retira não um nem dois, mas três cartões de crédito, que dançam
entre os dedos como fadas nos galhos da árvore mágica do Peter Pan, então a
atendente faz o de praxe, executa os comandos de sempre, sorri, puxa com um
golpe certeiro a nota fiscal, empacota as comprinhas miúdas da menina grávida,
são apenas duas sacolas, diz em tom maternal “lá fora está chovendo”, pede que
passe antes no fiscal para retirar a trava ou algo do tipo afixada à blusa e em seguida se despedem, perceberam
alguma semelhança entre a menina e a atendente, não, nada?
Uma é filha, a outra é mãe.