Aonde tudo isso iria parar, cada etapa
percorrida, era algo que não previam, um futuro que não se adivinhava fácil um
dia antes que fossem começo, antes mesmo das trocas, antes que a paixão
assentasse e o suor grudasse novamente no corpo e fosse rotina o que parecia
puro frenesi.
E fosse depois saudade o que antes era
espera.
Não se adivinhavam aperto, carícias
prolongadas, um continuado beijo em que chapinhavam como dançarinos
sem hora nem prumo nem vontades contrastantes, eram plenamente acordo e decididos
seguiam vinculados por esse breve istmo todo carne que se chama vulgarmente língua.
Onde tudo isso foi parar é algo que agora
não se perguntam, não querem do instante a cruel revelação, se é revelação o
que se sabe da véspera, surpresa o que se mostra em acenos e precede até mesmo
o flerte iniciático, aquele momento em que dois pontos equidistantes no mundo
até ali vasto se aproximam e de algum modo ainda pouco propenso a explicações
de ordem científica se deixam enredar um ao outro, e enredar, apesar do que
supõe a palavra e de toda a carga piegas com a qual contamina o restante do que
é dito, exprime com perfeição o que viria.
Enredavam-se ali.
Então passam a evitar a conversa demorada,
cada um sócio-proprietário absoluto de uma porção de certezas com
a qual terá de lidar daqui pra frente.
Parou tudo que estava fazendo e foi coar um
café, que era uma atividade corriqueira, banal, facilmente controlável, cujas
etapas e processos dominava com maestria, e nela mesmo as surpresas tinham esse ar
de quem se conhece de há muito tempo.