O que nos leva a pensar no heroísmo, em
Seya, Daniel, o vingador do futuro, o truculento He-man, Bob, o solitário Logan,
uma infinidade de personagens cuja marcha até a superação dos pequenos
fracassos é marcada por muito sofrimento, quase abandono do ringue, revisão de
princípios, apelo aos amigos, à família, cara no chão, dor, lágrima, o
sentimento total e irreversível de que o mundo não foi feito pra gente.
Até a chegada do herói sem nome, sereno,
violento. Uma jornada e tanto: como Daniel, vindo de outra cidade, igualmente
desconhecida, à procura de uma vida tranquila, o que fica pra trás é apenas uma
intuição, corolário de violências anteriores.
O herói sem nome agride com martelo, faca,
o salto da bota de caubói, suja-se inteiramente com o sangue do oponente de
rosto difuso, caminha lento, abre a porta do carro, engata a marcha de força e
vai embora.
Herói sem território, sem família, vítima
da frouxidão dos vínculos. Mais um coração atordoado no mundo, barquinho imundo
em praia revolta.
Como Daniel-san, o herói vence, mas a
vitória não é sempre incompleta, precária, anos-luz do pretendido?