Daniel-san, o LaRusso, o pupilo maltratado do senhor Miyagi, em três tempos: primeiro, nos anos 1980, quando Daniel era um garoto que dançava dentro das calças e camisas largas vindo de outra cidade. Daniel apanhando dos valentões: na praia, na rua, no estacionamento, uma constante.
Depois, já depois de 1990, mas antes dos
2000, Daniel, coração apaixonado por uma loira de sorriso alarmante, toda
desejo de aninhar nos braços e peito aquela ave mirrada.
Salto: segunda década do novo
milênio, 2012, quase 2013, Daniel, ainda magro, ainda apaixonado e meio tonto,
é um menino perseverante, corajoso, insubmisso, que luta para não deixar a
cidade natal, cede aos apelos da mãe e se muda, um garoto sensível que se
interessa por bonsai, apanha e não tem medo de andar nas ruas.
Apenas na madrugada de ontem, depois de ver
o filme pela sétima ou 34ª vez em minha vida, as três peles de Daniel-san
viraram uma só.
Me vejo em parte delas: criado em ambiente
doméstico, penei bastante nas ruas do bairro novo e me apaixonei, mas não fui tão
corajoso quanto Daniel-san. Evitei ruas, andei rente aos muros de becos para
não ser visto, me senti acuado na hora do recreio.
Cá estamos, porém.