Falar de zumbis é a coisa mais vã.
Vã também teria sido a tentativa de escrever
sobre qualquer outro assunto diferente desse. Uma manhã talhada para falar de
zumbis, como nenhuma outra, a desta quarta-feira conduziu-me por caminhos inesperados,
vi-me de repente como walker, alguém
cuja vida foi solapada de tal forma e, agora, por obra do acaso, do destino, por
obra de outras obras, retorna à luz do dia, nesse passo lento, mais visceral
que nunca, à procura de tão somente manter doméstica a fome primeira de
qualquer ser humano.
Ser um zumbi não deve ser nada fácil na
mesma medida em que não ser um zumbi não é, entendem isso? É a chave para
compreender essa verdade, toda a verdade, entender igualmente a impossibilidade
do assunto quando o assunto querido não assume contornos, e não há arma,
ferramenta, não há força capaz de mudar nada disso.
Falar de zumbis é também não falar de qualquer
outra coisa, não por vontade, mas por incapacidade.