É acusada de matar a filha de sete anos e de estuprar a mais nova, uma dupla violência cometida a menos de uma semana do dia das mães, a vizinhança arrogou-se a tarefa de apedrejá-la, não fosse a família abrigá-la por algum tempo, a jovem tem 23 anos, chama-se Zacla, um nome incomum, só agora percebo, eis que a ainda muito jovem Zacla deixou a casa dos parentes e, fugitiva da vista alheia, meteu-se furtivamente em um quarto de motel, lá, conta a polícia, foi presa, não ofereceu resistência, mas riu a valer enquanto o delegado tomava-lhe o depoimento.
Gosto de como soa atacarejo, de seu poder de instaurar desde o princípio um universo semântico/sintático próprio apenas a partir da ideia fusional que é aglutinar atacado e varejo, ou seja, macro e micro, universal e local, natureza e cultura e toda essa família de dualismos que atormentam o mundo ocidental desde Platão. Nada disso resiste ao atacarejo e sua capacidade de síntese, sua captura do “zeitgeist” não apenas cearense, mas global, numa amostra viva de que pintar sua aldeia é cantar o mundo – ou seria o contrário? Já não sei, perdido que fico diante do sem número de perspectivas e da enormidade contida na ressonância da palavra, que sempre me atraiu desde que a ouvi pela primeira vez, encantado como pirilampo perto da luz, dardejado por flechas de amor – para Barthes a amorosidade é também uma gramática, com suas regras e termos, suas orações subordinadas ou coordenadas, seus termos integrantes ou acessórios e por aí vai. Mas é quase certo que Barthes não conhecesse atacarejo,...
Comentários