O que faz, como se comporta, o que lê e, mais importante, o que não lê um tuiteiro influente?
Acorda cedo, é madrugador, tem esposa e filhos, fuma, bebe, gosta de camisa regata ou prefere moleton, usa tênis, sapatênis ou sandália tipo Espedito Seleiro?
Tem cabelo curto, espetado, longo, escovinha, parafinado, alisado, castanho ou meticulosamente assanhado?
Come paçoca, pamonha, tapioca, canjica, queijo coalho e outros quejandos da gastronomia telúrica?
É vegan?
Urina sentado?
Quantas barras de cereal ingere por dia?
Tem intestino preguiçoso?
Faz polichinelo?
Veste-se com rigor, afeta modismos, é exigente, pechincha na hora de comprar?
Exibe acne, aparenta ter mais ou menos idade, tem tatuagem ou sua pele é virtuosamente despida de marcas?
Cultiva amantes, demora-se no banho, tem seborreia, caspa, é calvo?
Investiga as ranhuras do azulejo enquanto cogita viajar para a Argentina nas próximas férias?
Calcula com antecedência os gastos do mês seguinte ou, dispensando qualquer método previdente, senhor de sua própria temporalidade, paladino da aventura financeira doméstica, opta pela surpresa ante o montante que se anuncia à medida que os dias se precipitam no abismo do tempo que não volta mais?
Apresenta amplo leque de fobias? Reflete sobre o caos do mundo com regularidade e exatidão? Dorme sem escovar os dentes? O que acha do neutrino?
A triste e incontornável verdade é que não há resposta segura para nenhuma dessas questões.
O verdadeiro “tuiteiro influente” é um enigma social, um desafio acadêmico, um buraco negro dos estudos culturais. Recomenda-se, portanto, delinear o mais breve possível sua conformação mental a fim de que o restante da humanidade possa urgentemente utilizar-se do arcabouço (político, físico, psicológico e filosófico) de que se serve esse autêntico produto do novo século.
Salve o tuiteiro, salve as redes sociais, salve a pedra angular da vanguarda líquida.
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