Só o fracasso me interessa: das pessoas, principalmente. Gente que morreu tentando sem nunca conseguir, gente que desiste antes de tentar, durante ou depois, mas que, uma hora dessas, de tanto bater e voltar, acaba desistindo porque as coisas são mais fortes ao contrário do que escrevia Drummond as coisas é que mandam no mundo.
O mundo está certo. Nós estamos errados.
A gente pensa de vez em quando eu tenho um monte de doenças dentro de mim, a gente sabe disso e guarda o segredo, esconde, afunda, enterra, a gente embaralha as pessoas mostrando unicamente a parte boa, mas uma hora a gente desperta bem no meio da noite, duas, três horas da manhã, e não dorme mais, fica o tempo inteiro pensando nas coisas que não fez, nas que deveria estar fazendo agora mesmo, nas que poderá fazer e, de antemão, intui que não fará.
Todas as pessoas que fraquejam, titubeiam, desistem, entregam os pontos, caem no chão, erram, vacilam, supõem que qualquer um seja mais esperto, mais bonito e mais legal que ela, todas as pessoas que voltam da porta, que não entram, que vão embora se lhe fazem cara feia, que baixam a cabeça, a guarda, as costas, que mostram a bunda, o ralo, o quengo. Todas as pessoas que se anulam, dispersam, entristecem por qualquer motivo e em qualquer circunstância.
Essas são as pessoas interessantes.
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