Voltamos de Paraty, do frio e do mojito. Uma festa de livros, autores, senhoras vestidas como se fossem ao baile imperial, homens empertigados sobraçando volumes recém adquiridos, professores de cenho franzido (a festa está mais democrática, pelo visto), jovens barbados caminhando sob a grua de um cineasta experimental (câmeras escondidas acompanham seus passos desde o instante primeiro em que puseram os mocassins modernos em contato com as pedras da cidade histórica), nebulosas de crianças estrepitosas saídas de alguma escola próxima e matilhas de mulheres de meia idade calçando tamancos com estampa de oncinha, bicos do peito ameaçadores apontando para os transeuntes.
A Festa Literária Internacional de Paraty é um circo, um show, uma feira, um desfile de jovens fumantes, velhotes de cachecol e meninas de 16 anos que despertaram apenas recentemente para o prazer da leitura e que agora se enamoram das fanfarronices de um James Ellroy (à menção de “punheta”, elas soltavam risinhos frouxos). É um acontecimento que propicia a escritores aparecer, sorrir, dançar, entrar na fila e ombrear com o brasileiro comum (alencarino incluso).
A Flip é fantástica, é realmente festiva, é um cabaré da pessoa humana letrada. Quero voltar ano que vem. Afinal, serão dez anos do evento, e o homenageado é Carlos Drummond de Andrade. Prevejo mesas fabulosas.
Depois de tantos cappuccinos na casinha da Folha de S. Paulo (à noite, filas imensas formavam-se para garantir a bebidinha no 0800), das filas para comprar e autografar livros, dos casacos e cuecas por cima de outros casacos e cuecas para espantar o frio, que deve ter chegado aos seus 10 graus no final do dia - estamos de volta ao chafariz, ao calor, ao trabalho.
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