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Nada se move


De volta. Definitivamente.

Estive fora por alguns meses. Visitei a Tanzânia, o Sri Lanka e o Baixio das Tempestades, região alagadiça habitada por criaturas cujo sono é interrompido regularmente por gritos de aguda falta de sentido.

Vi o filme de Karim Aïnouz, “Viajo porque preciso, volto porque te amo”. Vi outros também, mas quero falar deste. Gostei. Faço um comentário.

Dizer do filme – esperava mais – não quer dizer nada. Mas, de fato, esperava. Fica evidente que se trata de colagem de material costurado ora habilmente, ora de maneira alinhavada. As cenas vão se sucedendo, e, para cada quadro, é pinçada alguma história. Ainda assim, o filme é bom. Lembra aquela brincadeira: pegue-se uma caixa cheia de objetos, convidem-se os amigos. Para cada objeto retirado da caixa, uma história deve ser contada. Os fragmentos de história, entretanto, devem fazer sentido e, juntos, serem coerentes.

O longa tem um começo arrastado, que quase decepciona, mas uma metade final bonita e pungente. E um conceito poético dolorido: “vida lazer”.

Karim obriga a todos a encarar seus personagens e seus personagens a encarar a câmera, que chega a incomodar em alguns momentos. A idéia de fixidez é bastante presente. Tudo está parado. Nada se move, nem pessoas, nem paisagem. Nada. O recurso quase vira cacoete, de tão repetido. Um casal imóvel, de frente pra câmera. Um colchão. Uma parede.

Bom, era isso. Volto depois. Estou lendo “2666”. É fantástico.

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