Depois de se fingir de morto – cobriu-se de um “verde IJF” dos pés à cabeça -, o cacto revive. Eu o salvei, me felicito sempre que passo no corredor e enquanto sou acalmado pelas ondas que quebram a alguns metros da minha janela vejo suas pernas e braços esverdeando-se lenta mas firmemente, lenta mas alegremente soa bem melhor que qualquer outra coisa. Tem um broto nascendo-lhe junto aos pés. Um broto bem verde. O miolo também parece bem saudável quando noto espalhar-se numa medida convicta.
Andorinha, nosso cacto vive.
Se ainda tivesse celular, se ainda tivesse carteira também, faria inúmeras fotos do cacto e diria veja, ele está a salvo, sua saúde é de ferro, parecia demente, parecia incurável, parecia para sempre haver embarcado em uma nau clarineta com destino certo ao inferno dos cactos porque para cactos, alguém disse, mesmo o céu espinhoso é infernal.
E agora vai viver mais tempo que você e eu.
Andorinha, nosso cacto vive.
Se ainda tivesse celular, se ainda tivesse carteira também, faria inúmeras fotos do cacto e diria veja, ele está a salvo, sua saúde é de ferro, parecia demente, parecia incurável, parecia para sempre haver embarcado em uma nau clarineta com destino certo ao inferno dos cactos porque para cactos, alguém disse, mesmo o céu espinhoso é infernal.
E agora vai viver mais tempo que você e eu.
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