Acabo de ler O despenhadeiro, de Fernando Vallejo. Ótimo livro de Natal. Sério mesmo. Depois vejo Dogville novamente e completo assim o corpo de temperos necessários ao dia. Conjugar essas coisas faz bem, sim.
Temos um gato novo em casa. Íamos passando na rua quando a Val viu o felino – frase estranha – encolhido num canto, em frente à guarita de um condomínio a alguns quarteirões daqui. Agachou-se, afagou o animal, que prontamente se levantou e esticou-se com alguma dificuldade. Estava sujo, imundo – ainda está um pouco. E, principalmente, faminto. Comprei uma lata de peixe em pasta – Whiskas – no supermercado que abriu há menos de duas semanas na vizinhança. Custou quase cinco reais. Com a mesma quantia compraria pão para a semana inteira. O gato devorou 2/3 da ração em pouquíssimo tempo.
Agora, dorme. Espero que cresça e apanhe os ratos da cozinha. É a paga por ter sido colhido da rua, daquele estado de mendicância. As pessoas iam e vinham, mas ninguém dava bola para o bichano, que tentava dormir. Nós mesmos passamos por ali. Na volta, ele teve mais sorte.
Numa esquina a dois quarteirões da minha casa vive um homem barbudo, sujo e mal-vestido. Antes, ele passava os dias sob a marquise da construção que hoje é o supermercado. Erguida a loja, ficou desalojado. Não podemos trazê-lo para casa. Aliás, nem queremos isso. Ele é pesado, não caberia num papel de presente.
Porque o gato foi trazido embrulhado em papel de presente. O mesmo papel que nos deram no shopping – tínhamos ido ao shopping - para enfeitar o objeto que comprei e que servirá de paga num amigo secreto daqui a uma semana. O homem não caberia.
Observação: havia convidado minha esposa para tomar duas cervejas e comer bolinha de peixe num restaurante próximo. Ela preferiu salvar o bichano da rua e alimentá-lo. Sabem, tem gente boa vivendo por aí. Aqui mesmo, em casa, divido o colchão velho com uma boa alma. Espero ser alimentado assim quando ficar velho e cheio de pulgas.
Por ora, o nome do gato é James. Só não me perguntem por quê. Tenho vergonha, sim. Queria chamar Locke, mas, como o bichano é dela e não mais da rua, ficou James. Antes, era só um animal que vivia perto das putas na esquina do Estúdio Tropical. Hoje, tem casa, comida e, de quebra, as pernas de minha mulher para ficar se enroscando. E ainda carrega nome de galã.
Sim, concessão natalina. A gente tem que fazer isso se quiser viver bem. Com isso cumpro finalmente minha cota lírica do ano. Tudo numa só tacada.
A propósito, tenho aqui Os detetives selvagens, do Bolaño. Isso mesmo, gente boa. Além de Noturno do Chile, o clássico. E amanhã colo aqui a tal resenha do livro de Vallejo.
Até domingo.
Temos um gato novo em casa. Íamos passando na rua quando a Val viu o felino – frase estranha – encolhido num canto, em frente à guarita de um condomínio a alguns quarteirões daqui. Agachou-se, afagou o animal, que prontamente se levantou e esticou-se com alguma dificuldade. Estava sujo, imundo – ainda está um pouco. E, principalmente, faminto. Comprei uma lata de peixe em pasta – Whiskas – no supermercado que abriu há menos de duas semanas na vizinhança. Custou quase cinco reais. Com a mesma quantia compraria pão para a semana inteira. O gato devorou 2/3 da ração em pouquíssimo tempo.
Agora, dorme. Espero que cresça e apanhe os ratos da cozinha. É a paga por ter sido colhido da rua, daquele estado de mendicância. As pessoas iam e vinham, mas ninguém dava bola para o bichano, que tentava dormir. Nós mesmos passamos por ali. Na volta, ele teve mais sorte.
Numa esquina a dois quarteirões da minha casa vive um homem barbudo, sujo e mal-vestido. Antes, ele passava os dias sob a marquise da construção que hoje é o supermercado. Erguida a loja, ficou desalojado. Não podemos trazê-lo para casa. Aliás, nem queremos isso. Ele é pesado, não caberia num papel de presente.
Porque o gato foi trazido embrulhado em papel de presente. O mesmo papel que nos deram no shopping – tínhamos ido ao shopping - para enfeitar o objeto que comprei e que servirá de paga num amigo secreto daqui a uma semana. O homem não caberia.
Observação: havia convidado minha esposa para tomar duas cervejas e comer bolinha de peixe num restaurante próximo. Ela preferiu salvar o bichano da rua e alimentá-lo. Sabem, tem gente boa vivendo por aí. Aqui mesmo, em casa, divido o colchão velho com uma boa alma. Espero ser alimentado assim quando ficar velho e cheio de pulgas.
Por ora, o nome do gato é James. Só não me perguntem por quê. Tenho vergonha, sim. Queria chamar Locke, mas, como o bichano é dela e não mais da rua, ficou James. Antes, era só um animal que vivia perto das putas na esquina do Estúdio Tropical. Hoje, tem casa, comida e, de quebra, as pernas de minha mulher para ficar se enroscando. E ainda carrega nome de galã.
Sim, concessão natalina. A gente tem que fazer isso se quiser viver bem. Com isso cumpro finalmente minha cota lírica do ano. Tudo numa só tacada.
A propósito, tenho aqui Os detetives selvagens, do Bolaño. Isso mesmo, gente boa. Além de Noturno do Chile, o clássico. E amanhã colo aqui a tal resenha do livro de Vallejo.
Até domingo.
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