Pular para o conteúdo principal

Pede pra sair, MALLU!

Alguém aqui viu o Altas Horas de ontem/hoje? Sim? Não? Explico por que o interesse.

Tinha a impagável Mallu Magalhães respondendo as perguntas de um desconcertado Serginho Groissman e o bobalhão do Wagner Moura brincando de cantar. Gente, gosto do Moura. Adorava o “Sexo Frágil”, aquele seriado da Globo. Era engraçado. Sim, gostava daquilo. Mas esse Capitão Hamlet interpretando canções de Reginaldo Rossi e outros bregas é de lascar o cano. O cara é ruim pacas. Além de mascarado, canastrão, fica posando de Olavo o tempo inteiro. Até convidou a Flávia Alessandra para dançar. Depois chamou a Mallu para cantar com ele. Fez a menina passar vergonha balbuciando as coisas do Reginaldo. Isso não se faz.

Depois ainda, fez mais poses de galã de novela/ator de teatro renomado/cantor/cara descolado.

Bom, mas o melhor nem foi Wagner Moura. Foi a Mallu, que quase chega a irritar o Serginho com aquelas respostinhas engraçadas.

Como você aprendeu a tocar banjo? “Tocando, ora”.

E essa caixa, você sempre traz? “Sim, tenho que guardar as coisas em algum lugar”.

Uma da platéia: e essa história da música que você e o Camelo gravaram? Como foi o convite? “Foi legal”.

Sabem, não sei se a menina é um prodígio. Aquele tipo de música nem me empolga tanto, mas gosto dessa coisa adolescente que deixa os adultos parecerem tão burros e fora de contexto. Lembra a criança que um dia fomos. As crianças nos ensinam cada coisa.

Nem estou dizendo que o Serginho é chato. Embora seu programa tenha um formato bem “teen” – aquela seção de dúvidas sobre sexo é certamente uma das piores coisas da televisão brasileira -, é uma das poucas atrações adolescentes interessantes. Não fosse o jeitinho Malhação da coisa toda, seria bem mais.


Mas o fato é que a performance da menina, que tem apenas 16 anos – outra do Wagner Moura: perguntou duas ou três vezes a idade da garota -, foi bacana. Interessante, engraçada, agradável. Meio nervosa, meio perdida, mas ainda assim impagável.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Museu da selfie

Numa dessas andanças pelo shopping, o anúncio saltou da fachada da loja: “museu da selfie”. As palavras destacadas nessa luminescência característica das redes, os tipos simulando uma caligrafia declinada, quase pessoal e amorosa, resultado da combinação do familiar e do estranho, um híbrido de carta e mensagem eletrônica. “Museu da selfie”, repeti mentalmente enquanto considerava pagar 20 reais por um saco de pipoca do qual já havia desistido, mas cuja imagem retornava sempre em ondas de apelo olfativo e sonoro, a repetição do gesto como parte indissociável da experiência de estar numa sala de cinema. Um museu, por natureza, alimenta-se de matéria narrativa, ou seja, trata-se de espaço instaurado a fim de que se remonte o fio da história, estabelecendo-se entre suas peças algum nexo, seja ele causal ou não. É, por assim dizer, um ato de significação que se estende a tudo que ele contém. Daí que se fale de um museu da seca, um museu do amanhã, um museu do mar, um museu da língua e por

Cansaço novo

Há entre nós um cansaço novo, presente na paisagem mental e cultural remodelada e na aparente renovação de estruturas de mando. Tal como o fenômeno da violência, sempre refém desse atavismo e que toma de empréstimo a alcunha de antigamente, esse cansaço se dá pela falsa noção da coisa estudadamente ilustrada, remoçada, mas cuja natureza é a mesma de sempre. Não sei se sou claro ou se dou voltas em torno do assunto, adotando como de praxe esse vezo que obscurece mais que elucida. Mas é que tenho certo desapreço a essas coisas ditas de maneira muito grosseira, objetivas, que acabam por ferir as suscetibilidades. E elas são tantas e tão expostas, redes delicadas de gostos e desgostos que se enraízam feito juazeiro, enlaçando protegidos e protetores num quintal tão miúdo quanto o nosso, esse Siará Grande onde Iracema se banhava em Ipu de manhã e se refestelava na limpidez da lagoa de Messejana à tarde. Num salto o território da província percorrido, a pequenez de suas dimensões varridas

Conversar com fantasmas

  O álbum da família é não apenas fracassado, mas insincero e repleto de segredos. Sua falha é escondê-los mal, à vista de quem quer que se dê ao trabalho de passar os olhos por suas páginas. Nelas não há transparência nem ajustamento, mas opacidade e dissimetria, desajuste e desconcerto. Como passaporte, é um documento que não leva a qualquer lugar, servindo unicamente como esse bilhete por meio do qual tento convocar fantasmas. É, digamos, um álbum de orações para mortos – no qual os mortos e peças faltantes nos olham mais do que nós os olhamos. A quem tento chamar a falar por meio de brechas entre imagens de uma vida passada? Trata-se de um conjunto de pouco mais de 30 fotografias, algumas francamente deterioradas, descubro ao folheá-lo depois de muito tempo. Não há ordem aparente além da cronológica, impondo-se a linearidade mais vulgar, com algumas exceções – fotos que deveriam estar em uma página aparecem duas páginas depois e vice-versa, como se já não nos déssemos ao trabalho d