Ou escrevo ou escuto música — sou incapaz de fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Escrevi uma resenha ouvindo música porque a redação estava barulhenta. Foi desastroso. Acho que o texto tem um ritmo que precisa ser respeitado. Fico preocupado quando vejo muita gente conversando e gargalhando e dando tão pouca atenção ao texto. Embora esteja cansado de ouvir que redações são assim mesmo e que eu deveria me adaptar o mais rápido possível, estimo que talvez nunca aceite totalmente o que entendo como falta de cuidado com as coisas escritas. Escrever é concentrar-se absolutamente.
Eu acho.
Curioso: escrevo sob o som da trilha de Medo e Delírio em Las Vegas, com Deep e Del Toro.
Engraçado que só agora tenha visto Juno e Melinda e Melinda. Todos os amigos foram ao cinema à época em que os filmes entraram em cartaz por aqui. Falaram bem de ambos. Uns derreteram-se. Outros assentiram: é realmente um Allen. Não sei o que pensei.
Bem, arrisco dizer que Juno me decepcionou. Ou, pelo menos, não correspondeu a um terço das minhas expectativas. Ellen Page é uma graça, o resto é pura infantilidade. Algumas cenas são estupidamente banais. Cito uma:
— A discussão entre a madrasta de Juno e a técnica de ultra-sonografia. Artificial. Fica no ar a mão dos caras tentando transformar a cena em algo cômico.
E isso pode ser estendido ao restante do filme: Juno quer nos fazer acreditar que tudo não passa de mais uma historinha divertida sobre uma garota outsider que engravida aos 16 anos e vê subitamente a sua vida transformar-se numa coisa louca. Mas não é assim. Ele deixa à mostra a intenção. E quando isso acontece com uma obra de arte, a coisa está acabada, não tem volta. A grande merda foi feita. O diretor foi apanhado com as calças na mão. É uma pena que aconteça, sim. Ninguém merece. Fica como lição.
Depois fiquei pensando: se estivesse passando no centro da cidade, não conhecesse o filme e, por alguma razão absolutamente impulsiva e quem sabe cheia de uma goma de mascar nostálgica, tivesse entrado no cinema para vê-lo, talvez Juno se convertesse em algo magicamente... Magicamente bom! É isso mesmo. Sem esperar nada talvez se possa gostar dele. Eu teria gostado. Acho que sim.
Mas só nessas condições.
Melinda e Melinda é bom. É meu primeiro Allen. “Espero que ele tenha filmes melhores na cartola” resume o que sinto em relação à enfiada de diálogos que, concatenados, constituem o filme.
Fui injusto e burro. Espero ser cremado vivo.
Sabem quando este sítio passa do mais idiota exercício literário e jornalístico a qualquer coisa útil? Quando me divirto relendo as bobagens que escrevo. Daqui pra frente, essa será a minha única preocupação: contar piadas a mim mesmo.
Nos vemos amanhã, rapaziada. Prometo que volto e conto as coisas de domingo. É sempre um bom dia. O jornal é mais volumoso, acordo tarde, tem corrida de F-1.
Eu acho.
Curioso: escrevo sob o som da trilha de Medo e Delírio em Las Vegas, com Deep e Del Toro.
Engraçado que só agora tenha visto Juno e Melinda e Melinda. Todos os amigos foram ao cinema à época em que os filmes entraram em cartaz por aqui. Falaram bem de ambos. Uns derreteram-se. Outros assentiram: é realmente um Allen. Não sei o que pensei.
Bem, arrisco dizer que Juno me decepcionou. Ou, pelo menos, não correspondeu a um terço das minhas expectativas. Ellen Page é uma graça, o resto é pura infantilidade. Algumas cenas são estupidamente banais. Cito uma:
— A discussão entre a madrasta de Juno e a técnica de ultra-sonografia. Artificial. Fica no ar a mão dos caras tentando transformar a cena em algo cômico.
E isso pode ser estendido ao restante do filme: Juno quer nos fazer acreditar que tudo não passa de mais uma historinha divertida sobre uma garota outsider que engravida aos 16 anos e vê subitamente a sua vida transformar-se numa coisa louca. Mas não é assim. Ele deixa à mostra a intenção. E quando isso acontece com uma obra de arte, a coisa está acabada, não tem volta. A grande merda foi feita. O diretor foi apanhado com as calças na mão. É uma pena que aconteça, sim. Ninguém merece. Fica como lição.
Depois fiquei pensando: se estivesse passando no centro da cidade, não conhecesse o filme e, por alguma razão absolutamente impulsiva e quem sabe cheia de uma goma de mascar nostálgica, tivesse entrado no cinema para vê-lo, talvez Juno se convertesse em algo magicamente... Magicamente bom! É isso mesmo. Sem esperar nada talvez se possa gostar dele. Eu teria gostado. Acho que sim.
Mas só nessas condições.
Melinda e Melinda é bom. É meu primeiro Allen. “Espero que ele tenha filmes melhores na cartola” resume o que sinto em relação à enfiada de diálogos que, concatenados, constituem o filme.
Fui injusto e burro. Espero ser cremado vivo.
Sabem quando este sítio passa do mais idiota exercício literário e jornalístico a qualquer coisa útil? Quando me divirto relendo as bobagens que escrevo. Daqui pra frente, essa será a minha única preocupação: contar piadas a mim mesmo.
Nos vemos amanhã, rapaziada. Prometo que volto e conto as coisas de domingo. É sempre um bom dia. O jornal é mais volumoso, acordo tarde, tem corrida de F-1.
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