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Um cara chamado Jaspion

A primeira de agosto. Hoje é sábado. Daqui a pouco é domingo. Tem olimpíadas na semana que vem. E daí? As eleições começaram. E daí também? Depois de algum tempo, eleições enchem o saco. Perdem até o sentido. Ver candidatos desfilando no Centro, estendendo as mãos para “populares” e suando água mineral não é melhor que sentar na frente da televisão e assistir a mais um Criança Esperança. Ou ver os cabelos louros de Ana Maria Braga toda manhã. Ou os mutantes da Record. Por falar nisso, houve um tempo em que gostava de ver Criança Esperança. Houve um tempo em que gostava de eleições. Hoje elas apenas me deixam chateado. Criança Esperança, nem isso. Estou totalmente concentrado na vida de Paulo Coelho. Em breve, mais notícias. Incrível: Pantanal é melhor que muita novela feita hoje em dia. Tem bons atores e mulheres peladas a todo instante. Sem contar que todos se sentem ameaçados por uma sucuri cujos apetites nunca foram postos à prova. Pantanal é uma espécie de Lost feito por um direto...

Certo, já estava bem na hora de voltar, rapaziada

De volta, mas só até daqui a pouco. O que têm feito? Eu, nada. Melhor: vejo filmes e, aqui e ali, leio alguma coisa. Estou de férias. Finalmente vi Laranja Mecânica . Bom, deve ter feito um grande estardalhaço à época em que foi lançado. Hoje, é um filme pálido. Genialmente pálido. Alex não sobreviveria cinco minutos em dos cruzamentos da cidade. Pediria pra sair rapidinho. Os tempos mudam. As cenas de luta, os quebra-paus promovidos pela gangue de Alex Delarge são de dar gargalhada a noite inteira. O livro é melhor. No final, tem um glossário horrorshow dos termos usados pela juventude delinqüente. Acho que sempre acabo preferindo os livros aos filmes. Por melhores que sejam, isso acontece com alguma freqüência espantosa. Vi também outras coisas. E comprei Matadouro 5 , do Vonnegut. Comecei, mas tive de parar. Logo retomo. Também comecei a ver Sábado à noite . Alguém aqui viu esse filme? É cearense. Bom, assisti vinte minutos do documentário. Tenho algumas coisas a dizer. Vou esperar...

Riders on the storm

Ou escrevo ou escuto música — sou incapaz de fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Escrevi uma resenha ouvindo música porque a redação estava barulhenta. Foi desastroso. Acho que o texto tem um ritmo que precisa ser respeitado. Fico preocupado quando vejo muita gente conversando e gargalhando e dando tão pouca atenção ao texto. Embora esteja cansado de ouvir que redações são assim mesmo e que eu deveria me adaptar o mais rápido possível, estimo que talvez nunca aceite totalmente o que entendo como falta de cuidado com as coisas escritas. Escrever é concentrar-se absolutamente. Eu acho. Curioso: escrevo sob o som da trilha de Medo e Delírio em Las Vegas , com Deep e Del Toro. Engraçado que só agora tenha visto Juno e Melinda e Melinda . Todos os amigos foram ao cinema à época em que os filmes entraram em cartaz por aqui. Falaram bem de ambos. Uns derreteram-se. Outros assentiram: é realmente um Allen. Não sei o que pensei. Bem, arrisco dizer que Juno me decepcionou. Ou, pelo menos, não...

Golpes baixos, baixíssimos

Pessoas costumam visitar outras pessoas à uma da tarde, quando ainda nem digerimos o almoço direito? Ou, sei lá, quando estamos levando à boca o último bocado de feijão e arroz? Ou quando nos preparamos para cortar um pedaço de pudim ou comer uma fatia de torta de chocolate? Eu achava que não; que, nessas horas, podíamos deitar um pouco e descansar a cabeça vendo algum programa dirigido a pessoas com problemas mentais, como A turma do Didi . Ou o programa do João Inácio Jr. Ao lado de Ana Maria Braga, ambos são o que existe de pior na televisão. Claro, digo isso sabendo que estou sendo muito rígido com alguns e bastante condescendente com outros. De uma forma ou de outra, eles representam o lixo televisivo, e eu gosto deles por isso. Porque me surpreendo ao assistir alguns minutos de cada uma dessas atrações. Porque são tão ruins que chegam a ser bons. Sim, como os Tomates Assassinos e os episódios de Cavaleiros do Zodíaco . Odeio filmes sensíveis para pessoas sensíveis. Odeio filmes...

Extremamente cansado e incrivelmente lento

Hoje, domingo, 29 de junho: Vista cansada e dedos inflamados. Precisamente, o anelar da mão direita. Ou simplesmente anelar direito. Como se tivesse batido o joelho contra a escada encostada na parede da cozinha. Mas o que faz uma escada recostada à parede da cozinha? Faz parte do tempero? Pernas dormentes. Costas doloridas. Base da cabeça latejando. Precisamente, base do crânio, nuca. Me sinto atrasado. No tempo-espaço. Preciso correr, alcançar a turma. Tenho três janelas abertas para o mundo. Três lindas janelas. Windows. Liberdade. Ver através das janelas, ser visto. Mudar a fonte que se usa no processador de texto pode ser bom para o pensamento. E para a dor de cabeça. É estranho ver pessoas sendo presas porque tomaram um copo de cerveja. Fica-se com a impressão de que as coisas estão invertidas, a polícia não está agindo corretamente quando, na verdade, ela vem fazendo um ótimo trabalho: mãos para cima, larguem todos os copos! Retomando. Parece exagero deter alguém por dirigir emb...

Odia odiado

Misologia : substantivo feminino. Quer dizer ódio ao raciocínio, à lógica. Horror às ciências. Não gosto particularmente dessa palavra, mas achei que seria interessante começar com ela. Rociar : o mesmo que orvalhar, cobrir de umidade, borrifar. Essa, sim. Rociar é uma pérola. Talvez porque não combine exatamente com orvalho. Lembra qualquer outra coisa, menos tornar algo úmido. Algumas palavras são assim, tem esse poder. Não lembro outra agora. Bilirrubina : pigmento vermelho, presente na bílis e nas fezes, de estrutura complicada. Final escatológico. Antecipa a leitura de Jonas, o copromanta. Gosto de dicionários tanto quanto de romances e novelas. Sem saber, eles nos contam grandes e pequenas histórias. “Rociar” me diz muita coisa, “bilirrubina” também. Mas isso é bobagem. Antes de morrer, escrevo um dicionário. Quem disse isso? Guimarães Rosa. Ele tinha amor aos dicionários. Morreu antes. Mário Quintana garantiu que, acaso tivesse de se mudar de mala e cuia para aquela ilha deserta...