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Assembleia abraça João Sorrisão

Publicado na Aerolândia Via Aguanambi , jornal O Povo, 19/08/2011 Foi com alguma surpresa que o departamento de marketing da Rede Globo recebeu a informação de que não apenas jogadores de futebol haviam aderido à moda do João Sorrisão, boneco infame que, animado por força exógena, se limita a ir para frente ou para trás. “De repente, toda a equipe responsável pela criação do João, do estagiário ao designer, se entreolhou”, conta, ainda sobressaltado, David Manzo, gerente especial da empresa e responsável pelo visual aspect do programa Esporte Espetacular . “Soubemos ali mesmo que tínhamos ultrapassado as fronteiras do ato comunicacional puro e simples e entrado no imaginário das pessoas”, orgulha-se. “O Tadeu (Schmidt) bolou de rir e a Glenda (Kozlowski) quase se mijava”, revelou um contínuo da produção de Insensato Coração . Ele ia passando na hora, colou o ouvido atrás da porta e escutou tudo. Não é para tanto, claro. Todavia, causa espécie o fato de que a Assembleia Legislativa...

Pensar é ir embora

Antes mesmo de entrar no bar, sua cabecinha distraída rodava um filme que, na prática, só começaria pra valer dali a algumas horas: nesse filme, ela se despedia de todos, dos amigos e dos recém-conhecidos, encolhia-se inteira pra atravessar um corredor espremido entre duas mesas bastante alegres, curvava o corpo para dar beijinhos nos mais queridos e acenava sem muito entusiasmo para colegas distantes. Tudo isso ela planejava enquanto punha os pés metidos em Melissinhas vermelhas no assoalho maltratado do bar da moda. Chegava, mas queria ir embora. Só que disfarçava legal. Pra ser bem sincera, não gostava do bar da moda, não suportava os pés sujos, uns tais hypezinhos mas ainda assim da moda, não curtia beber sozinha em casa e, porque convinha manter-se perto dos outros para não se perder tanto, se impunha uma rotina social que incluía: 1. dançar, 2. ir ao cinema e 3. ir a festas com amigos. Dos três, cinema e amigos eram ok, amava as duas coisas, mais os amigos que o cinema, claro, ...

Por que sou retrô

Eu penso três segundos apenas e, diferentemente de Baudrillard e todo esse papo de desmitologização do passado, logo chego à conclusão de que sou retrô porque me identifico com a maneira de se vestir daquela época, os anos dourados do rádio e, depois, da televisão, do rádio e da TV, eu acho, e depois porque o penteado daquelas donas de casa nas propagandas de geladeira e máquina de passar eram tão bonitos!, touceiras de cabelos presos num lindo coque, as roupinhas com caimento perfeito, vestidinhos bem comportados, discretos, brincos, pulseiras, batom discreto, tudo muito discretinho, rímel? Não sei se tinha rímel, mas uso como se houvesse e integrasse o rol de coisinhas que as mulheres daquela época, não as pin ups, as pimentinhas, estou falando das mulheres comuns, as donas de casa, como se elas usassem no dia a dia, daí vêm as bolinhas, as manguinhas, as sapatilhas, as bolsas pequenas ajustadas ao corpo, fico tão bonita metida nessa auréola old fashioned que ninguém imagina, m...

Cientologia Política

Nota 1 "Um espectro ronda o capitalismo: o espectro do antifetichismo”, postou Robert Kurz em sua conta no Facebook, umas 19h30, terça-feira, diazinho ordinário não fosse a reprise de Vamp . Inicialmente, somente três pessoas curtiram o obtuso fraseado. Duas tascaram emoticons que assentiam claramente à teorética neoapocalíptica. Apenas uma teve a curiosidade de perguntar se se tratava do capital enquanto estrutura organizacional física (superestrutura) ou do capital enquanto ente figurativo e influxo nos imaginários coletivos (infraestrutura). Deu-se momentânea conturbação de caracteres, que terminou em declarada cizânia. Diante do impasse, Robert Kurz, ex-taxista alemão, torcedor do Bayer Leverkusen e ideólogo da crítica radical, optou por oxigenar as relações. Nas próximas horas, publicou fotos da visita ao irmão na região da Bavária e réplicas de cartões postais enviados pelo neto, Alexandr Ptoir Schulz, 29 anos. Schulz esteve na América do Sul no período das férias. Na oportu...

Domingo

É domingo, falta cigarro. A lua está baixa, há uma estrela próxima. As plantas repousam, os ratos se movem. Um saco de lixo produz curvas até cair no terreno baldio. É domingo. Falta água, mas há suco de goiaba. A TV, os livros, os filmes. O vento é a melhor diversão.