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How strong can I be?

Como vão todos? Todos? Estou navegando. Os mares recendem a qualquer coisa que não conheço, têm uma coloração estranha. Olho para os lados. Há medo, penso que vou naufragar. Estou certo disso. Mais dia, menos dia. Mas logo tudo passa. Logo vem a calmaria. A vida tem se dividido entre borrascas, tempestades, e ventos tranqüilos, que apenas assanham os cabelos e suavizam os humores. Até quando? Ninguém sabe. Nem mesmo eu sei até quando as paredes novas podem com o telhado velho. Não sei. Posso desmoronar. Posso ir até 20154. Mas posso também simplesmente dizer: não quero, e, cheio de angústia, cheio de temor e carregando um peito que vai na direção contrária, não querer.

Meu nome não importa

Meu nome é Vanessa... Vanessa: você tem opções, sim. Pode ou não pode. As duas coisas? As duas. Escolho não poder. E poder de vez em quando. Mas não pode. Escolha uma. Apenas uma. Sim? Sim. Posso. Quero poder. Você pode e não pode escolher. Posso escolher entre poder e não poder. Gosto de paradoxos. Não se trata de um. Trata-se de dois. Dois? Sim. Obviamente. Você me diz? Absolutamente. Você vai ter de ver tudo sozinha. Não moverei um único dedo. Gosto da ênfase na maldade. Do acento cínico. Não se trata de cinismo, mas de bem-querer. Bem-querer? Sim. Você não entendeu ainda, mas parte do bom funcionamento do sistema depende unicamente da sua disponibilidade, do seu cultivo rigoroso. Do contrário, tudo falha. Não entendo. Entenda agora: sem você, nossa planta morre. E ela vem morrendo? Não. Ainda não. Mas, à sombra da negligência, toda planta morre. Talvez tenha entendido. Talvez não. Nas duas situações, posso tentar melhorar. Mas, se não conseguir... O tempo dirá. De antemão, aviso: t...

CTRL C + CTRL V

ATIRANDO COPOS DO TELHADO INAUGURAL, E OS HIPOPÓTAMOS FORAM COZIDOS EM SEUS TANQUES MARCA A ESTREIA NA LITERATURA DE JACK KEROUAC E WILLIAM BURROUGHS, DOIS DOS PRINCIPAIS NOMES DA GERAÇÃO BEAT HENRIQUE ARAÚJO>>>ESPECIAL PARA O POVO Em 1944, Kerouac tinha alguns poucos anos além da casa dos vinte e Burroughs, um bocado a mais que ele, mas eram amigos e, como as figuras que viviam numa Nova York mítica, num mundo enfiado em guerra, conheciam um bando de gente estranha, junkie, viciados, homossexuais, drogados, prostitutas, famintos, a exemplo de Lucien Carr e David Kammerer, os dois personagens de E os hipopótamos foram cozidos em seus tanques , primeiro romance dos autores de On the road (1957) e Naked Lunch (1959), respectivamente. Lançado pela Companhia das Letras, E os hipopótamos traz o sedutor qualificativo: primeiro romance escrito pelos pais da geração beat . Will Dennison e Mike Ryko são as personas de William Burroughs e Jack Kerouac. Dennison é barman; Ryko, marin...

Quando ela viu, "haviu"

A fórmula do F-1 não explica nada. Nada. A costureira Overlock não costura nada. Nada. O guardador de carros não guarda nada. Nada. O repórter não reporta nada. NADA. Júlia não diz nada. Nada. Amanda também não. A Palestina não me diz nada. Nada. As novas câmeras de vigilância da cidade não vigiam nada. Nada. Os novos soldados não rondam nada. Nada. Os novos pichadores, grafiteiros, zabumbeiros não picham, grafitam, zabumbam nada. Nada. Os novos baianos são os novos baianos? Nada. Os novos não são velhos. Os velhos querem ser novos. Nada. Os novos querem ser novos. E eu me pergunto por que cargas d’água as compras do mês não chegam até o fim do mês. Sequer até o dia 20. Nada.

Os peixes não vimos nada

O avião caiu, avisem os animais de estimação. Informe todos os gatos e cachorros e peixinhos dourados que os corpos sumiram no mar, todos encantados. Que alguns deles, antes mesmo da explosão definitiva, viraram catavento. Avisem os pardais, os esquilos, os gafanhotos: os vizinhos da esquerda e da direita talvez nem voltem até o fim do dia. Talvez mesmo não voltem até o fim da vida. Mas, se tudo der certo, a ceia de Natal será servida antes do horário previsto.

Da presença e da usência dos corpos de teste

Conheço muita gente desolada. Muita mesmo. Não sei o que está acontecendo, mas relacionamentos que pareciam sólidos agora se desfazem como castelos de cartas, como bundas feitas de areia de praia subitamente tocadas por ondas tórridas. De repente, uma epidemia de separações, tão intempestiva quanto um furacão enluvado ou um golpista do setor financeiro, resolveu tornar as nossas vidas um pouco mais triste. Ou alegre, dá no mesmo. Apenas digam: há no ar algum sentimento desfavorável à permanência, à fixidez dos casais? Que categorias importam no processo de solidificação de uma união? Mais: por que, na era da fluidez, as relações não se tornam o último bastião da seguridade emocional, mas, ao contrário, se convertem elas mesmas num pastoso reino de gasosos encontros e desencontros? Ninguém sabe. Até agora, ninguém sabe.