Vale destacar que, a nível de CAPS LOCK, não
pude descobrir o que estava sendo sorteado, ou BINGADO, enfim, qual era a
prenda à qual a vizinhança concorria em caso de acertos plenos, ou seja, caso a
cartela fosse não apenas inteiramente preenchida, mas entregue na hora certa ao
organizador ou alguém que cumprisse essa função nos termos estabelecidos pelo
estatuto do BINGO, de modo que, em momento algum, esse ganhador virtual pudesse
ser acusado de passar batido, algo triste que acontece com um contingente
espantoso de pessoas todos os dias.
E o que vem a ser PASSAR BATIDO?
Pessoas passarem batido (passarem batidas, passarem abatidas etc.) pela sorte é algo
cada vez mais comum na contemporaneidade. Com as novas tecnologias, então, ficam
plantadas as condições necessárias à distração. Um exército cotidiano de mentes
distraídas deixa as fornalhas da indústria da dispersão toda hora em direção às
esquinas da deambulação, às fábricas e aos cursos de graduação e pós. São os titãs
da eloquência de bandana.
E o que vem a ser ELOQUÊNCIA DE BANDANA?
Pensem na eloquência; agora, pensem numa
bandana, essa espécie de chapéu ou similar cuja propriedade maior é
ridicularizar quem a utiliza.
Agora juntem os dois itens, BANDANAS DA
ELOQUÊNCIA ou o contrário, ELOQUÊNCIA DE BANDANA, e tem-se aí uma razão a
mais para rir na vida.
Voltando ao assunto inicial: o que essas
pessoas perderam ao esquecerem que estavam ganhando?
É uma pergunta que me faço todos os dias e
para a qual jamais encontro resposta definitiva, apenas uma sombra sussurrando
como um velho Monza enguiçado na avenida Pereira Filgueiras na madrugada de
sexta pra sábado.
Eis a resposta: perde quem ganha e ganha
quem perde; perde duplamente quem sabe que perde e lamenta a derrota, ganha
duplamente quem sabe que ganha e celebra a vitória, ganha e perde em doses
iguais quem deixa o jogo de lado e aposta corrida sobre o meio-fio.