Anônima na praia lê atentamente as recomendações d'O Crítico.
Sem alarde, o barão das letras recomenda; mais que recomenda, aconselha. Talvez seja até melhor dizer: o barão das letras “estabelece” o seguinte -
A partir de agora, os grandes assuntos da coletividade jamais serão motivo de chacota, o pensamento crítico requer envergadura e preparo acadêmico, as questões estruturantes demandam polivitamínico que reúna concentração, leitura, empáfia e linguagem, os desafios da cearensidade não devem, portanto, ficar reféns de energúmenos desidratados nem de órfãos de revistas marginais de péssimo gosto.
Tampouco de uma raça em tudo pior que as duas anteriores: a dos nostálgicos.
A complexidade do atual momento dispensa solenemente manobras de rasa projeção intelectual, a estas preferindo jogo mais cerebral, a produção engajada no cumprimento das normas da ABNT, o sudoku cifrado que, não obstante tenha cheiro de fraude literária, soa artístico e, mais que soa, assemelha-se a coisa autêntica.
Embora não o sendo.
Isso dito, não custa em paralelo alertar: a demência virtual grassa, os acintes são recorrentes e a burrice campeia travestida de erudição. Amantes da tecnologia e redes sociais formam um time cuja prepotência só é menor que sua falta de traquejo para falar de qualquer outro tópico que não sejam gadgets, mídias, audiência etc.
É forçoso reconhecer o talento e, mais que talento, a predisposição quase genética ao descalabro alimentada por certo tipo de gente, que, em face de um problema X, rapidamente interpõe o chiste.
Uma geração perdida, outrossim.
Tenho ânsia de vômito, tenho cólica, tenho cefaleia e diarreia. O intestino claudicante imediatamente acusa quando leio qualquer menção a certo grupo da cidade que tem por hábito enfileirar galhofas internet afora, quando, também cumpre deixar claro, o Ceará vivencia etapa historiográfica das mais notáveis.
Temos aí uma Copa do Mundo, por exemplo, torneio do espírito afortunado.
O que peço é: vedem-se às piadas, prescindam do acesso ao site, não curtam perfis nas redes. O pensamento crítico, único equipado de força e verdadeira potência transformadora, agradece.
Assinado: o crítico.