
PARTE I
Você já quis morar numa música? Explico: a música toca, toca e toca. E você a repete, repete e repete. Até que, uma hora, você pensa: quero muito viver nessa música, entre um acorde e outro. Entre essa frase e aquela, posso construir uma casa, armar uma barraca ou simplesmente ficar vagando, vendo as notas, apreciando o vídeo-clipe da canção, sentindo qualquer coisa volátil se desfazer enquanto piso em esferas cujas marcas se parecem realmente com os continentes num globo de plástico.
E se há mulheres flutuando de um lado a outro nesse mesmo vídeo, nadando no meio da rua, esticando pernas e braços como se estivessem numa aula de hidroginástica para senhoras grávidas ou numa cama imaginária, melhor ainda. Mas, claro: o objetivo não é exatamente esse: colher mulheres como quem colhe maçãs. Explico: nada contra colher mulheres em árvores ou onde quer que elas estejam penduradas.
PARTE II
Porque o objetivo expresso do texto que comecei a escrever há alguns minutos é: viver na música. Congelar aquele instante e passar a ocupá-lo inteiramente. Pode ser apenas um trecho? Pode. Posso juntar duas canções de bandas diferentes e recortá-las, colá-las numa folha e, numa outra, colar trechos de filmes de que gosto e algumas receitas de bolo? Finalmente, apanho as duas folhas e as trituro no liquidificador. Jogo um pouco do perfume dele ou dela. Pode ser? Claro que pode.
Não se esqueça: você manda nos seus sonhos. O. G. Mandino me ensinou isso em COMO FAZER AMIGOS E INFLUENCIAR PESSOAS. Vocês já leram O. G. Mandino? Eu li.
VOLTANDO. Tive esse desejo hoje mesmo. Ouvindo PIXIES. Ouvindo Hey. Ouvindo a mesma música de tempos em tempos. No ônibus, no trabalho, na escola, na rua, na fazenda. Em casa. E decidi: quero morar nessa música. E isso me fez lembrar outra coisa. Uma coisa boba, evidentemente. Quando era criança, desejei me esconder para sempre atrás da mecha de cabelos clarinhos de uma garota. Tinha 10 anos? Não sei. Mas queria viver ali, guardado, seguro, quente, sentindo o perfume dos cabelos dela.
PARTE III
Até que um dia eu cresci e passei a não caber sequer no meu beliche. Hoje, ela deve ensaboar os cabelos com sabão Pavão todas as manhãs. E eu detesto cheiro de sabão.
Até outro dia, caríssimos e caríssimas.
Você já quis morar numa música? Explico: a música toca, toca e toca. E você a repete, repete e repete. Até que, uma hora, você pensa: quero muito viver nessa música, entre um acorde e outro. Entre essa frase e aquela, posso construir uma casa, armar uma barraca ou simplesmente ficar vagando, vendo as notas, apreciando o vídeo-clipe da canção, sentindo qualquer coisa volátil se desfazer enquanto piso em esferas cujas marcas se parecem realmente com os continentes num globo de plástico.
E se há mulheres flutuando de um lado a outro nesse mesmo vídeo, nadando no meio da rua, esticando pernas e braços como se estivessem numa aula de hidroginástica para senhoras grávidas ou numa cama imaginária, melhor ainda. Mas, claro: o objetivo não é exatamente esse: colher mulheres como quem colhe maçãs. Explico: nada contra colher mulheres em árvores ou onde quer que elas estejam penduradas.
PARTE II
Porque o objetivo expresso do texto que comecei a escrever há alguns minutos é: viver na música. Congelar aquele instante e passar a ocupá-lo inteiramente. Pode ser apenas um trecho? Pode. Posso juntar duas canções de bandas diferentes e recortá-las, colá-las numa folha e, numa outra, colar trechos de filmes de que gosto e algumas receitas de bolo? Finalmente, apanho as duas folhas e as trituro no liquidificador. Jogo um pouco do perfume dele ou dela. Pode ser? Claro que pode.
Não se esqueça: você manda nos seus sonhos. O. G. Mandino me ensinou isso em COMO FAZER AMIGOS E INFLUENCIAR PESSOAS. Vocês já leram O. G. Mandino? Eu li.
VOLTANDO. Tive esse desejo hoje mesmo. Ouvindo PIXIES. Ouvindo Hey. Ouvindo a mesma música de tempos em tempos. No ônibus, no trabalho, na escola, na rua, na fazenda. Em casa. E decidi: quero morar nessa música. E isso me fez lembrar outra coisa. Uma coisa boba, evidentemente. Quando era criança, desejei me esconder para sempre atrás da mecha de cabelos clarinhos de uma garota. Tinha 10 anos? Não sei. Mas queria viver ali, guardado, seguro, quente, sentindo o perfume dos cabelos dela.
PARTE III
Até que um dia eu cresci e passei a não caber sequer no meu beliche. Hoje, ela deve ensaboar os cabelos com sabão Pavão todas as manhãs. E eu detesto cheiro de sabão.
Até outro dia, caríssimos e caríssimas.
Comentários